27.11.09

Todo cheio de espinhas

Todo cheio de espinhas

o corpo e o resto, a vida e tal.

Todo a arder sem beijos nem gente.

Aqui dentro vive-se mal

e lembra-se muito outro tempo.

A noite pode ser uma amiga nua,

uma amiga nua também.

Alguém me segure este nada

que eu volto num instante dos meus.

Se alguma coisa me chamar

eu vou e fico lá, a viver

para o boneco e a fazer assim.

Quem me agarra, cara linda?

9.11.09

Acordar um Dia XXXVI

"quero ver as coisas gastas como palavras velhas
a encher a rua em desafio
quero ver ecopontos sem cor para as coisas sem cor que já
sabemos de cor"

Acordar um dia com o inferno dentro da gente, virar-se para o lado e abrir os olhos e abrir a boca.

Anda menina, vem ver o inferno a arder”.

Ao lado não dorme ninguém que saiba rir do apocalipse, fica tudo suspenso.

Viver é andar todos os dias à caça de gente e a fugir da dor.

Anda menina, anda ver o que por aqui vai”.

Por dentro está tudo feito em carvão, nãonada que sirva.

Ando há muito tempo amigado com o diabo. Vai de retro Satanás, um dois, dois passinho para o lado, três quatro, uma volta pela esquerda, palminhas mãos ao ar.

“A dor dança-se assim, menina”.

3.11.09

Nota Pessoal

Estamos em Novembro de 2009 e a vida é muito fraca às vezes.

Partiram o muro de Berlim, inventaram a Internet, foi descodificado o genoma humano e aos domingos de manhã eu acordo com uma tristeza inaudita.

Nem a construção europeia me sabe curar as ânsias. Se eu tivesse tido uma infância com ditadura seria tudo mais fácil, assim é só isto, paz, pão, democracia e a porra dos domingos de manhã.
 
Add to Technorati Favorites Free counter and web stats