2.7.15



isto não está para poemas
ó meu desregrado amor
são dias facas de gume fino
e a pele escassa para tanto fio
os cães que lambem as feridas
só nos querem chegar ao osso
(se fosse cão eu também queria)
nunca os deuses voaram tão baixo
nunca as vozes foram tão gritos
quem nos manda ter canelas?
havemos todos de ser roídos
afinal é tudo poucochinho

17.4.15

transeunte





a melhor distância é sempre uma curva
como chamar dúvida ao que é só chão
ou olhar para cima e escapar ao céu
só sei viver nos arredores
apear-me quando é já longe
perguntar muito o que já sei
(sem nunca admitir resposta)
onde fica esta merda toda?
no centro nada se afaz ao tempo
mudam as lojas, os dias, mudam
tudo esses cabrões centrais
quem foi que disse o meu nome?
somos tanta gente a só ser eu
não te alarmes, não discutas
não te espantes nunca por tão pouco
leva-te daqui para onde fores
assobia enquanto não chegares

 
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